Antônia Maria de Oliveira- uma mulher de muitas lutas

Fundo de praia desfocado. A frente Antônia lendo um livro sentada em uma cadeira de uma mesa.
Atonia Maria de Oliveira.  Foto: Annellyezy Aparecida

Por: Annellyezy Aparecida Oliveira Duarte

          Uma menina nascida no interior da Paraíba, em um sítio na cidade de Boqueirão no ano de 1957, sendo a quarta de onze filhos. Vinda de uma família humilde e muito religiosa, mas que sempre valorizou os estudos. No início adolescência não tinha condições de ir para cidade estudar, então ela resolveu lutar e aos 12 anos fez uma prova para conseguir uma bolsa, passando em segundo lugar, indo cursar o ginásio, hoje ensino fundamental II. E durante todo este período se destacou afirmando: “sempre estava no meio dos melhores alunos da turma, nunca fiz uma prova final e nem uma recuperação, tinha hora que me sentia até um gênio. ”
Seguindo a vida no primeiro ano do ginásio ela foi morar na cidade na casa de uma tia, como sempre gostou de trabalhar passou a fazer varanda de rede para uma vizinha. Acordava bem cedo estudava e fazia varanda antes do horário de ir para escola. Porém no segundo ano de estudo teve que voltar para casa, tinha que ajudar na lavoura, passando assim a caminhar todos os dias da semana mais de 9 km e as vezes a travessar o rio a nado junto com outra irmã sua para juntas conseguirem chegar no colégio.
Foto preto e branca - Antônia com beca, cabelos soltos e segurando um chapéu ao lado esquerdo.
       Colação do 2º grau -Arquivo pessoal
Ah! Mas sua vida estava só começando ela ainda tinha muito para lutar. Então com vontade de ir fazer o cientifico em Campina Grande e de ser freira ela mandou uma carta escondida para uma prima que tinha uma ligação com um orfanato, ao receber resposta positiva, conseguiu convencer os pais a deixa-la ir morar na cidade grande.  Neste orfanato morou quatro anos e ia todos os dias a pé do José Pinheiro para a Prata estudar. No mesmo período passou a dar aula em uma escola particular, depois foi aprovada no vestibular de Licenciatura em Matemática, ao completar a maior idade foi morar com parentes na cidade, onde tinha que trabalhar nos afazeres da casa.
Se formando em 1981, voltou para sua cidade onde teve uma filha em 1984, aos 27 anos. Com a descoberta da gravidez teve que enfrentar a família e a sociedade por ser mãe solteira, depois por ter sido deixada pelo namorado. Ela diz: “Mas, não sabia o que carregava no meu ventre, só sabia que a cada dia amava, e esse fruto foi a melhor coisa que podia ter me acontecido, apesar de inúmeras dificuldades que passamos juntas”. Nos anos seguintes alugou uma casa, deu aula pelo estado e fez especialização em educação, tendo que as vezes levar consigo a sua filha pequena.
Em busca de melhorias em dezembro de 1988 ela resolveu juntar suas coisas, pegou a sua filha e decidiu voltar para Campina Grande ao conseguir financiar uma casa por um programa do governo; desse modo muitas vezes quando precisava alguma de suas irmãs vinha lhe ajudar a cuidar da menina. Os anos passaram, ela continuou dando aulas pelo estado, fez cursos na área de informática, especialização em Tecnologias da Educação e deu aula em universidades particulares.
Antônia é uma mulher guerreira, que hoje aos 60 anos é aposentada do estado e diretora do Núcleo de Ciência e Tecnologia de Campina Grande, cargo escolhido pelo Ministério da Educação desde 2013. A sua filha criada com muita dificuldade hoje é enfermeira e professora universitária.  Há! E das lembradas do passado, só lhe restaram o aprendizado de muitas lutas vencidas.

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