Por: Annellyezy Aparecida
O livro reportagem “Caso Escola Base – Os Abusos da
Imprensa”, do jornalista Alex Ribeiro com 166 páginas e 14 capítulos mostra os
desdobramentos da mídia neste episódio ocorrido em 1994: que envolve seis
vítimas de uma mídia sensacionalista e denúncias de abuso sexual infantil.
Dessa forma o autor tenta esclarecer os bastidores do crime, apresentando desde
as investigações policiais até cobertura feita pelos jornais a fim de explicar
com detalhe o que realmente aconteceu; sem deixar de da voz aos acusados e
acusadores para assim poder mostrar a veracidade dos fatos para que os leitores
do seu livro entenda o contexto social e midiático em que se construiu o
suposto crime.
Este livro por sua vez foi originado de um trabalho de
conclusão de curso da Escola de Comunicação e Artes da USP (Universidade de São
Paulo). Em que o autor Alex Ribeiro
obteve nota máxima, e na opinião dos membros da banca examinadora do trabalho:
no mínimo, ele merece ampla divulgação. Contudo a pesquisa se se motivou a
parti de uma serie de reportagens publicadas diariamente em jornais sobre o
caso da escola Base, em que o autor sentiu a necessidade de analisa-las e
mostrar o real desdobramento por traz da cobertura feita pela imprensa.
Alex Ribeiro, paulistano, começou a carreira em 1992 no
jornal de bairro “A Gazeta da Zona Norte” ainda como estudante de jornalismo.
Seu trabalho de conclusão de curso na Universidade de São Paulo sobre o Caso
Escola Base foi publicado pela Editora Ática em 1995 e foi um dos vencedores do Prêmio
Jabuti. Em Brasília, ele cobriu o Banco Central durante 15 anos para o Valor, a
“Gazeta Mercantil” e a “Folha de S. Paulo. É especializado em economia pelo
BirkBeck College, Universidade de Londres, e tem um MBA em Finanças pela
Fundação Getúlio Vargas. Foi correspondente do Valor em Washington
E o caso começou quando mães a partir de conversas com seus
filhos de quatro anos começaram a suspeitar que eles tivessem sido violentados
sexualmente por apresentarem comportamentos estranhos e conversas obscuras
sobre o assunto. Dai então começaram a surgir varias denuncias feita por estas
mães contra a escola de Educação Infantil Base, no bairro da Aclimação, zona
sul de São Paulo.
As mesmas concluíram que suposto crime teria acontecido da
seguinte forma: as crianças eram levadas na kombi escolar para uma casa onde
eram violentadas e filmadas. A policia foi acionada, contudo por mais que se investigasse
nunca se eram encontradas provas concretas. O laudo do IML (Instituto Médico
Legal) feito com umas das supostas vitima: uma criança de quatro anos foi inconclusivo
e dizia haver lesões que podiam tanto ser indícios de crime sexual como de um
simples problema intestinal ou verminose.
Assim foram se construindo os suspeitos segundo estimativa
das mães das crianças: Ayres Shimada e M. Aparecida – donos da escola; Maurício
e Paula Alvarenga – motorista da kombi e sócia; Mara e Saulo Nunes– pais de um
aluno; Richad Harrod - fotografo. Investigados pelo delegado Edélson Lemos que
tentou a todo o momento ganhar prestigio e fama de delegado “competente”
chegando até mesmo a prender os suspeitos sem mandado judicial, abusando assim
de sua autoridade.
Contudo as casas dos mesmos foram revistadas sem aviso
prévio; as crianças foram ouvidas, inicialmente sem ajuda de um psicólogo para
interpreta-las. No entanto nada de grande relevância foi apurado. Mesmo assim a
mídia não perdeu a oportunidade de noticiar e fazer cobertura quase que diárias
para acompanhar o caso e assim ganhar audiência através do sensacionalismo.
O autor mostra o caso do começo ao fim, mostrando cada
detalhe, fazendo às vezes o leitor chegar a pensar que todos eram culpados. Expõem
os erros da imprensa em noticiar um fato de grande relevância e impacto como
sendo verdadeiro, mesmo sem provas reais, até mesmo antes das investigações
serem concluídas, e os acusados serem declarados inocentes. Isto acabou por
gerar sérios impactos na vida daqueles que foram tidos precipitadamente como
culpados: alguns perderam o emprego, outros se separam. Enfim eles perderam o
sossego passando a dormi a base de calmante, como mostra o autor na parte “os
personagens, hoje”.