Vivemos em um país em que definir “o que é cultura” talvez
seja difícil quando levamos em consideração toda a diversidade de povos
presente nele. Então seria mais fácil começar perguntando: “O que é o povo
brasileiro”? E está resposta já vem sendo pensada desde 1838 quando foi criado
por Dom Pedro II um instituto responsável por escrever uma historia coesa sobre
o Brasil, que unia seus diferentes povos em um sentimento de nacionalismo; o
chamado IHGGB (Instituto Histórico e Geográfico do Brasil).
Na verdade, somos mestiços: mistura de índios, brancos,
negros, amarelos, entre outros povos, que além de sua etnia trazem consigo sua
cultura proveniente dos mais diversos cantos do mundo. Percebemos entre as formações
culturais do Brasil: as diferenças regionais, onde cada região tem seus
aspectos característicos, sejam eles culinários, folclóricos, religiosos, entre
outros, como por exemplo, no campo da culinária: a pamonha na região nordeste e
feijoada no sudeste. Essa diversidade significa pluralidade, variedade e
diferenciação se opondo ao conceito de sociedade unificada.
Dentre muitos autores que estudam a cultura, o sociólogo
francês Pierre Bourdieu (1930- 2002) parte da definição de Capital Cultura que
indica acesso a conhecimento e informações ligadas a uma cultura específica,
aquela que é considerada como a mais legítima ou superior pela sociedade como
um todo. As escolas estão presas por este capital, deixando de lado os alunos que
não tem os conhecimentos prévios sobre o mesmo, sobre a música e literatura clássica, por exemplo. No
Brasil isto significaria deixar de lado as múltiplas culturas brasileiras, que
não se encaixa neste capital. E quem sabe seja melhor estudar um pouco sobre o
máximo de culturas possíveis para depois definir os gostos e melhorias individuais
ou sociais.
Vale lembrar também que a percepção individual do mundo
costuma-se ser influenciada por um grupo.
As escolhas e valores tende a ser acrescido de gostos grupais a partir
de uma cultura de costumes única podendo vim de gerações e gerações. Porém este
alienamento cultural, como sintoma de uma doença social causador de uma visão
fechada e restrita acaba por dificultar a relação intercultural em que não se
aceita e respeita outras culturas. Por isso a importância de uma integridade
cultural modificador de um pensamento comunitário para que assim desde criança
possa respeitar o próximo independente de sua cultura, etnia e religião.
O jornalista peruano Mario Vagas Llosa no capitulo cinco “Cultura,
politica e poder” do livro “A civilização do espetáculo” opina que a
cultura não devia depender da politica, mas afirma que infelizmente isto
acontece nas ditaduras em a cultura tenta se desenvolver em meio ao
monitoramento do Estado. Acrescentando que as tecnologias audiovisuais e o
jornalismo que tem o poder de fazer reverberar, confirmar e promover a
confluência de entendimentos que conhecemos com o nome de opinião pública.
Em vista disso o jornalismo cultural como especialização que
abarca as mais diversas manifestações culturais, tais quais, artes plásticas,
música, cinema, teatro, literatura, folclore e outras dentro da cultura popular
têm como missão divulgar estes conhecimentos e opinar sobre os mesmos. O jornal
em si é um produto cultural, implicando uma linguagem simbólica, embora muitos
considerem apenas o “caderno cultural” como pertencente ao termo. Assim como
muitas pessoas consideram apenas CDs, livros, revistas, espetáculos de dança
shows, quadros, gravuras...
Contudo, cultura vai muito além do espetáculo, é todo um
trabalho de uma vida em sociedade, forma de pensar e manifestação social que
podemos ver claramente no Brasil com os movimentos sociais divulgados nas
mídias publicas comunitárias em que por não encontrarem voz nas mídias
comercias procuram novos meios para expor e lutar pelo seu permanecimento e
divulgação cultural de determinada comunidade, como atesta a autora brasileira
Elizabeth Brandão: “entede-se a pratica da comunicação a parti da consciência
de que as responsabilidades publicas não são exclusivas dos governos, mas de
toda a sociedade” (BRANDÃO, 2009, p.7).
Estes movimentos vêm se transformando ao longo do tempo, mas
sempre contando com a luta cidadã com reivindicação em pró da melhoria de
determinados grupos da sociedade e fazendo-se cidadão como forma de expressão
comunicativa dentro da sociedade. A comunicação comunitária, feita pelo povo,
por vez ajuda na integração dos indivíduos presentes no projeto social de um
jornal, blog, radio comunitário entre outros. E a partir da troca de
experiências em coletividades é possível construir caminhos para beneficiar determinada
sociedade.
Por fim o jornalismo cultural vem adquirindo alguns espaços
para entrevistas, críticas, resenhas, sobre o que há de vanguarda no universo
artístico. Ajudando dessa maneira a formar um cidadão crítico desde o momento
que mostra a cultura e seus desdobramentos como ativador de uma cultura
internacional e brasileira diversificada.