Boqueirão: uma cidade que prende e mata a liberdade dos animais

Por: Annellyezy Aparecida

Casos reais de dor e perda de animais na cidade
   

Dias sóbrios e uma saudade recheada de lembranças
  
Gata deitada, olhando para o lado e  segurando uma boneca.
Gata Belezinha – Fonte: Annellyezy, 2014
Os últimos dias tem se tornado sombrio com mais uma morte de um inocente. E a cidade de Boqueirão no estado da Paraíba tem se mostrado cada vez mais violenta contra os animais. São crimes de mortes que tiram a vida desses pequeninos, e faz que seus donos tenham medo, pranto e terror. E foi dessa triste forma que mataram envenenada a gata Belezinha de cinco anos no dia cinco de novembro de 2015. E como pude presenciar ao longo dos anos: ela era uma gata caseira e costumava viver apenas em casa sem sair das redondezas e neste dia entrou em casa cansada, agoniada e vomitando em meio à dor e desespero ainda chamamos uma técnica em veterinária que aplicou uma injeção e deu água com carvão, mas as tentativas infelizmente não adiantaram.
Contudo em meio a choros e desespero só restaram às boas lembranças dessa gata que era dita como calma e meiga pelas suas donas: a estudante de Jornalismo Annellyezy (20 anos) e a Professora de geografia Teresinha de Jesus (43 anos). Além disso, cerca de quatro gatos e um jabuti das já sumiram misteriosamente no decorrer dos anos. E Esse já é mais um caso contínuo de humanos que se dizem racionais contra animais chamados de irracionais. E juntas criamos duas gatas, um gato, uma cachorra e uma jabuti com muito amor e carinho.

Um mundo temeroso: animais em constante alerta 
  
Gato sentado de lado e  olhando para frente.
Gato Juca - Fonte: Annellyezy, 2014
O mundo tem se tornado temeroso para mais um personagem destas tristes historia: o gato Juca de dois anos da professora Cecilia Maria (40 anos) já foi envenenado duas vezes, mas para sua alegria sua dona o conseguiu salva-lo ao dar água com carvão para o animal. No entanto Cecilia afirma esse não ser o primeiro caso de envenenamento de seus animais, são cerca de vinte vitimas desde a década de 1990 entre eles gatos, galinhas e um cachorro em que a maioria chegou até a morte se tornando dor e tristeza para ela e os mais próximos a esses animais. E entre muita tristeza e revolta a mesma já procurou o ministério publico e a delegacia da cidade, mas por falta de prova e suspeitas concretas não conseguiu obter ajuda. Esses crimes tem tornado a vida de seus bichinhos “privadas” e eles já não podem mais sair a noite para o quintal; e ultimamente Cecilia tem tomado bastante cuidado para mantê-los dentro de casa para que eles posam continuar vivos. Dessa maneira Cecilia atualmente cuida de três gatos (dois machos, uma fêmea), um cachorro e varias galinhas com muito amor, carinho e esperança.

Uma casa onde os animais também são “gente”  
Imagens 1: Cachorra perto do sofá e outra deita no chão.      Imagens 2: Duas cachorras na cozinha, no fundo um coxão e armário.







Em uma casa com três cachorras e quatro gatos (três machos e uma fêmea) a onde gente e animais vivem juntos como única família. Sendo os animais muito sentimentais, a ponto de grunhirem e gritarem como crianças quando sua dona sai para área da casa; e se calarem assim que ela entra. Mas numa tarde em sua casa seu gato chamado Preto chegou tonto e babando, ele provavelmente tinha sido envenenado; entretendo entre muitas agonias ele conseguiu sobreviver após vomitar muito. A sua dona Cristina Epifânio (40 anos) relembra aquele dia entre emoções e tristeza, mas se alegra ao lembrar que seu bichinho sobreviveu; porem ficou com sequelas e respiração cansada vive os seus dias. Dessa forma a mesma conta que ao morar em outras casas na mesma cidade cinco gatos seus foram envenenados chegando todos a morrer. E ela chega a acreditar que em sua atual casa ainda não morreu nenhum animal, pelo fato de não ter vizinhos próximos.
Cristina contou ainda que vive a dividir o pouco que tem com animais de ruas, os alimentando, e assim ela ajuda aos bichinhos necessitados com muito amor e caridade. Dessa maneira ela cuida de uma gata com filhotes, de uma ex-vizinha sua que se mudou da cidade, mas ainda não conseguiu levar o animal consigo.    

Uma ajudante de animais por amor
  
Uma moça que desde criança ama os animais, e com carinho sempre gostou de está junto a eles e ajuda-los. Com o passar dos anos em sua vida adulta passou a tirar gatos de rua e cria-los dentro de casa na esperança de que pessoas chegasse a adota-los, o que geralmente não acontecia. Contudo os seus vizinhos se perturbavam com o barulho dos animais, e o que era alegria para essa moça se tornou tristeza, e em sua casa passou a chegar cerca de três a quatro animais envenenados por dia se totalizando em cerca na morte 16 gatos . Dessa forma ela via seus animais serem envenenados e não sabia o que fazer para ajuda-los, isso lhe motivou a procura aprender a cuida da forma corretas dos bichinhos e assim ela fez o curso de Técnico em Veterinária na cidade de Campina Grande na Paraíba na escola técnica IEPB (Instituto Educ. Particular Brasileiro). 
E hoje na cidade de Boqueirão-PB ela abriga e cuida de nove cachorros de ruas em sua casa e uma gata de doze anos sobrevivente de um envenenamento. Além disso, trabalha cuidando de animais domésticos indo até a suas casas e ajuda a tratar das doenças desses pequeninos; e quando os donos desses animais não tem como pagar, ela cuida dos mesmos por conta própria. Assim essa moça chamada Margarida de Souza (43 anos) ainda tem um sonho de um dia cursa a faculdade de Medicina Veterinária e assim ampliar seus conhecimentos e poder ajudar ainda mais esses pequeninos. Por outro lado ela ainda encontra-se triste pelo fato dos crimes contra animais na cidade continuar a acontecer constantemente.
 
Um olhar por uma moradora de outra cidade
  
Foi em meio à tristeza que a moradora de Campina Grande na Paraíba se comoveu com a situação de crime de animais na cidade Boqueirão, apesar dela não mora cidade tem colegas e amigos com animais que foram vitimas desses ocorridos que moram neste local. E ela diz que e é revoltante o que vem acontecendo no município; contudo sua comoção em relação aos animais vem de anos desde quando começou a criar bichinhos de estimação; e sua dor carrega consigo desde quando começaram a matar seus amiguinhos de patas, se totalizando em cerca de oito. E atualmente a mesma cria com amor e dedicação nove gatos e três cachorros. Seu nome é Lidianne Felipe (31 anos) e trabalha como professora de crianças.
Em um texto ela contou sobre a sua dor de perde seus bichos em qual ela resumiu em desrespeito que inclui barbárie e falta de humanidade. E Lembra-se também de quando sua mãe viu seu cachorro Fofo de quase dez anos caído no quintal e começou a chorar, nesse dia de desespero também morreram três gatos seus no ano de 1999 vitimas de envenenamento. A mesma chega suspeitar de uma ex-vizinha sua. Dessa forma Lidiane expressa seus sentimentos e escreve a sua opinião: “ah humanização é o que está faltando em nossa sociedade, amor também, há pessoas que se sentem bem matando animais, maltratando, deveriam se tratar, buscar a Deus, tentar se ocupar e deixar de fazerem tanto mal a esses seres indefesos, eu mesma já senti a pele essa dor de perder um animal de estimação”. Por fim ela diz que a responsabilidade de luta em favor dos animais é todos que criam bichinhos de estimação então cabem a essas pessoas cobrem as melhorias publicas para esses pequeninos de patas. 
   
Envenenamento: como agir e prevenir

É muito comum que as pessoas deem leite para o animal envenenado ou intoxicado, mas é errado! O leite ajuda a absorver mais rápido o veneno, e assim acelera a morte do bichinho como afirma à veterinária Maria Kobayashi formada pela UFPB (Universidade Estadual da Paraíba) que explica que nesse caso o mais correto é leva-lo com urgência para o veterinário, para que o mesmo possa medica-lo corretamente. Contudo ela alerta que infelizmente é difícil animal sobreviver em um caso como esse.
- Caixa de remédio  Enterex com imagem de gato e  cachorro na frente.
Foto: Divulgação 
Maria diz ainda o bom é que as pessoas que criem animais tenham sempre em casa um remédio chamado Enterex cuja a composição é de carvão ativado que dentro do organismo absorve o veneno fazendo-o ser excretado pelas fezes; esse remédio é dado via oral (pela boca) do animal quando suspeita-se de envenenamento ou intoxicação.


Denunciar: uma tentativa de justiça

  A declaração universal dos direitos dos animais elaborada proclamada pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em 27 de janeiro de 1978 em Bruchelas na Bélgica deixa claro que todos os animais tem direito a vida como observamos no artigo no artigo dois “1 - Todo o animal tem o direito a ser respeitado. 2 - O homem, como espécie animal, não pode exterminar os outros animais ou explorá-los violando esse direito; tem o dever de pôr os seus conhecimentos ao serviço dos animais [...]” E no artigo três “1- Nenhum animal será submetido nem a maus tratos nem a atos cruéis [...]”. Dessa forma essa declaração deve ser base para todas as leis que diz respeito aos animais. Entretanto no Brasil apesar das leis atenderem a essa declaração, muitas vezes não chegam a serem cumpridas como observamos na cidade de Boqueirão Paraíba.

Mão de humano segurando a pata de cachorro

     E entre as leis em favor dos animais o novo projeto aprovado pela CCJ (comissão de constituição e justiça) e divulgado pela mídia 9.605/98 amplia a pena de três meses a um ano de detenção para um a quatro anos de prisão; trazendo uma esperança para os animais e seus donos, e tentando fazer assim a lei brasileira ser menos “branda” em relação a crimes ambientais. 
    E chegando à cidade de Boqueirão observamos um grande problema à falta um local adequado para se denunciar esses crimes como relata muitos dos moradores do município; pois a delegacia nem todos os dias encontram-se aberta. No entanto ao conseguir realizar um Boletim de Ocorrência na delegacia da cidade sobre um crime conta um animal o agente de investigação informou que existem muitos crimes de mortes e assalto a pessoas que necessitam serem investigados, mas não são; dessa forma os crimes contra animais vão sendo deixados para traz.
Outro problema que se observa é que ainda existem na cidade pessoas cujo seus animais forma mortos ou sofreram tentativas de homicídios que não lutam, não denunciam, e ficam calados em meio ao medo; como pude observar aos longos dos anos. Dessa forma essas pessoas acabam mesmo inocentemente abrindo caminhos para outros crimes como esses venham a se repetir pelo fato do opressor achar que nunca será descoberto, e muito menos punido.
E como a lei do Brasil é branda e muitas vezes não é cumprida cabe aos moradores de Boqueirão  juntarem-se para juntos protestarem civicamente contra esses crimes, para que consigam mobilizar e conscientizar os cidadãos boqueirenses, como também poderem ser ouvidos pelas autoridades e assim exigirem que esses crimes sejam investigados e esses criminosos sejam incriminados.

A luta de proteção aos animais
  
Cinco cachorros na rua. No fundo: arvores, dois carros e lixos pelo chão.
 Cachorros de rua no centro da cidade – Fonte: Annellyezy, 2015 
  
Uma atitude tomada para tentar ajudar e compartilhar ideias e sentimentos foi à criação do grupo “Proteção aos animais” (https://www.facebook.com/groups/1375180702726490/?ref=br_rs) no Facebook pela moradora da cidade Cecilia, já citada em um depoimento à cima; assim ela tenta aos poucos transformar a sua dor em expressão de luta ao compartilhar ideias em seu grupo que já tem 1072 pessoas não apenas da cidade Boqueira-PB, mas também de outros estados. E nesse grupo além de ideias são compartilhas noticias e reportagens, vídeos e fotos da internet e dos membros do grupo sobre animais postados pelos mesmos.
Contudo na cidade de Boqueirão-PB alguns moradores clamam por um local de abrigo para animais com assistência veterinária e castração para os mesmos, pois pode se ver na cidade animais de rua abandonados em condições precárias. A técnica em veterinária Margarida Souza, já citada em um depoimento à cima, diz já te pedido varias vezes um abrigo de animais as autoridades da cidade (vereadores e prefeito); contudo eles lhe disseram que este projeto já estava no papel. Por toda via o que pode perceber é que esse projeto nunca saiu do papel, ou até mesmo do sonho de alguns moradores.