Desvendando o jornalismo: o seu real papel perante a sociedade


Imagem detalhe de sala com parte de pessoas lendo jornal ao lado de uma mesa com livro, celular e vaso de planta.

O ser humano desde os primórdios manifestou o desejo de conquistar, descobrir, procurar novas formas de ir além; afim de conhecer o mundo que lhe rodeia e ultrapassar as barreiras que restringem sua experiência. Porém para encontrar novos seres de sua espécie e compartilhar ideias era preciso andar, o homem nômade durante toda sua vida caminhava pelos lugares em busca de comida e abrigo, até surgir a agricultura e domesticação dos animais, essenciais para a evolução dos meios de transportes, tal qual os cavalos, bois, burros, camelos. E depois criaram os pequenos barcos de madeiras que mais tarde se tornaram grandes caravelas que permitiram ao homem conquistar novos horizontes, como fizeram os europeus ao desbravarem os oceanos e chegaram a América . No século XV a tecnologia do alemão Johann Gutenberg, verdadeira revolução no terreno da escrita e da leitura - a imprensa, isto é, a máquina de impressão tipográfica que permitiu a impressão em grande escala de livros, antes escritos à mão. Isto permitiu o nascimento do jornalismo, termo derivado do francês, journaliste, sendo a junção de duas palavras, jour que significa “dia” e analyste que corresponde a “análise”, ou seja, a definição desta profissão é analista do cotidiano. Entendemos assim que inicialmente o jornalismo tratava de fazer uma crítica, exercer uma opinião, fazer uma avaliação sobre situações do dia a dia e não apenas narrar os fatos. A princípio pode-se considerar que o jornalismo tinha como função segundo o jornalista e pesquisador Marcondes Filho:

Considera-se jornalismo propriamente dito a atividade que surge em umsegundo momento da produção empresarial notícias, e que se caracteriza pelo uso do veículo impresso para fins - além de econômicos - políticos e ideológicos. Somente no momento em que a imprensa passa a funcionar como instrumento de classe é que ela assume o seu papel caráter jornalístico (FRAGA, apoud MARCONDES FILHO, 2016. P.2)

Mas foi apenas com a revolução industrial XIX que as fronteiras geográficas começaram de fato a diminuírem com a evolução dos meios de transportes a criação do carro, trem e avião. Neste mesmo período com a criação do telégrafo, a comunicação se tornou instantânea e independente do transporte, a revolução industrial possibilitou a aquisição de meios tecnológicos e a expansão do capital comercial e industrial. E uma dessas tecnologias foi advento do telegrafo que possibilitou o início de uma integração informacional facilitando a produção de notícias, com maior rapidez, além da capacidade de se obter informações de lugares distantes. Nesse sentido ao longo do século XX as fronteiras geográficas forma diminuindo graças ao desenvolvimento tecnológico (internet, fax, satélites, telefone, fibra óptica e computadores) que possibilitaram uma maior integração territorial entre lugares de grandes distâncias Neste contexto o emprego da imprensa para fabricação de notícias começou nas cidades alemães de Frankfur, Antuérpia e Berlin, onde eram editados os conteúdos dos correios postais semanalmente e mandados para as principais cidades do continente. Mas os primeiros jornais teriam aparecido em 1920 em Amsterdã e Inglaterra com o objetivo de informar sobre a Guerra dos Trinta Anos. Contudo no início os jornais se preocupavam principalmente com notícias exteriores, e eram vendidos para pequeno público e lidos em voz alta em grupos. Posteriormente em 1640 começou a haver na Inglaterra um período de censura às notícias com o reinado de Carlos I e posteriormente com Carlos II, mas seu sistema de licenciamento oi suspenso em 1662 e assim começaram a surgir novos jornais que circulavam periodicamente. Em 1702 sugiram o Tatle, o Spectatoe, entre outros. Já em 1712 os jornais tinham que pagar uma taxa ao governo que o tempo foi diminuindo e extinta em 1860, mas em outros lugares da Europa a censura continuou. Portanto, em seu início a imprensa vivenciou uma intensiva luta para se conseguir a liberdade e o poder de publicar qualquer coisa, sem a intervenção do governo.
A evolução da tecnologia, o surgimento das telecomunicações e dos meios de transportes na segunda metade do século XIX diminuiu significantemente as distancias temporais a parti do momento em que mensagens, cartas por exemplo, situadas inicialmente, são aproximadas por estas tecnologias, passando assim a chegarem mais rápido ao seu destino. Desta forma a medida em que a distância espacial foi aumentando, o distanciamento temporal foi sendo virtualmente diminuído através de tecnologias como a internet em que pessoas de países diferentes podem conversar sem estarem em contato físico presencial. Está rapidez de informação também afetou o jornalismo, que passou a colher as informações de forma rápida deixando de ir às ruas para checarem a informação no local do fato. Devemos assim questionar o real papel do jornalismo que para o pesquisador Michael Kunczik:

Para entender a definição recorri aos estudos de Kunczik (2001), para o autor, a profissão está integrada ao comunicador, profissional que passa uma notícia para os receptores ou participa do processo de produção da informação. De acordo com Kunczik, os comunicadores têm o poder de influenciar os indivíduos no entendimento da informação. Essa influência pode ocorrer por motivos políticos, econômicos e culturais, na construção do texto, na seleção da imagem e do entrevistado. O autor ainda frisa que “os processos de seleção dos meios de comunicação não se restringem apenas a esse setor; também podem ocorrer no setor de distribuição. (SANTOS, TESSAROLO, apoud KUNCZIK, 2017 p.2).

Sendo essencial questionar aqui o papel social do jornalismo em relação a sua suposta objetividade, imparcialidade e verdade na narração dos fatos, que constituem os supostos valores éticos da profissão. Contudo vale lembrar que o ser humano é composto por valores históricos, religiosos e sociais que por mais que ele tente se manter distante, sua pessoalidade sempre acabará vindo à tona, e com o jornalista não é diferente, pois mesmo sem querer a sua visão é exposta a parti das escolhas de gravação, ângulo fotográfico e direcionamento do texto. Porém vale lembrar a produção jornalística é um serviço público que fortalece a democracia, desta forma o jornalista deve sempre prezar pela diversidade de fontes ouvindo todos os lados da notícia.
E seguindo em rumo ao espectador é necessário discutir os meios de comunicação associados ao contexto social de cada indivíduo. Neste sentido o sociólogo da comunicação John B. Thompson em seu livro “A mídia e modernidade: uma teoria social da mídia” explica que beste processo cada pessoa dá um sentido diferente à informação segundo as suas experiências, variando de acordo com os seus bens simbólicos; esse é um processo ativo e criativo. Este processo dentro da pesquisa midiática tem sido estudado de acordo com vários métodos que procuram entender o grau de atenção, a forma, e os efeitos e m diferentes públicos. A partir de então se percebe que a recepção da mídia deve ser abordada como uma atividade: não como algo passivo; levando em conta a possibilidade de que os seres humanos podem reelaborar a mensagem de maneira totalmente diferente do que se foi transmitido inicialmente Ainda dentro do contexto da objetividade e veracidade do jornalismo encontra-se as Fake News conhecidas como histórias falsas que, ao manterem a aparência de notícias jornalísticas, são disseminadas pela internet, ou outras mídias como verdadeiras, sendo normalmente criadas para influenciar posições políticas, ou como piadas de forma sarcástica em relação algum conteúdo da atualidade. A sua disseminação só vem crescendo nos últimos anos, devido ao acúmulo de funções em que um único profissional acaba tendo de trabalhar por dois fazendo a função de repórter e fotografo por exemplo. A rapidez em que o mercado exige disseminação de notícias acaba por prejudicar apuração dos fatos que muitas vezes passamdespercebidos devido a sede de se divulgar primeiro
Tais notícias podem acarretar serias consequência em torno dos personagens envolvidos nas matérias como foi do caso da escola Base que começou quando mães começaram a suspeitar que os seus filhos, crianças, tivessem sido violentados sexualmente por apresentarem comportamentos estranhos; porém sem provas reais, os acusados foram declarados inocentes. Isto acabou por gerar sérios impactos na vida daqueles que foram tidos precipitadamente como culpados: alguns perderam o emprego, outros se separam, além daqueles que ficaram com depressão. Estas notícias falsas são divulgadas sem nenhum compromisso com o cidadão, que  muitas vezes ler o conteúdo, acredita e compartilha levando adiante a disseminação deste conteúdo.

Bibliografia

FRAGA, Bruno Navarros. A relação histórica entre o Jornalismo e Publicidade, 2016. Disponível em http://www.ufrgs.br/alcar/encontros-nacionais-1/encontros-regionais/centro-oeste/3oencontro-2016/historia-do-jornalismo/a-relacao historica-entre-o-jornalismo-e-a- publicidade/view. Acesso em 28 de fevereiro de 2018

MARCELO, Ana Sofia. Internet e Novas Formas de Sociabilidade, 2001. Disponível em <http://www.bocc.ubi.pt /pag/marcelo-ana-sofia-internet-sociabilidade.pdf> Acesso em 10 de dezembro de 2017

SANTOS, Raissa Nascimento Dos. Jornalismo do Século XXI. Profissão, Identidade, Papel Social, Desafios Contemporâneos. Disponível em <http://www.portalintercom.org.br/anais/nordeste2014/resumos/R42-0360-1.pdf>. Acesso em 20 de maio de 2018.

SILVIA, Cleidson de Lima. Convergência Jornalística: Conceitos e Perspectivas. Disponível  em http://www.ciberjor.ufms.br/ciberjor4/files/2013/08/Cleidson_Lima.pdf>. Acesso em 28 de maio de 2018

SOUZA, Kennedy Anderson Cupertino de; TESSAROLO, Felipe Maciel. Fake News: Ética e credibilidade jornalística em risco. Disponível em <
http://portalintercom.org.br/anais/nacional2017/resumos/R12-2419-1.pdf>. Acesso em 21 de maio de 2018

THOMPSON, John B. A Mídia e Modernidade: Uma Teoria Social da Mídia. 10a edição, Vozes, 2008

Comentários